terça-feira, 16 de setembro de 2008

HÁ AINDA ALGUMA COISA PELA QUAL VIVER?


Há ainda alguma coisa pela qual viver? Haverá algo a que valha a pena dedicarmo-nos, além do dinheiro, do amor e da atenção à nossa família? Nestas aulas iremos encontrar uma resposta. É tão antiga como o alvor da filosofia, mas tão necessária nas circunstâncias actuais como sempre foi. A resposta é que podemos viver uma vida ética. As pessoas que adoptam uma abordagem ética da vida escapam frequentemente à armadilha da ausência de sentido, encontrando uma satisfação mais profunda naquilo que estão a fazer do que as pessoas cujos objectivos são mais limitados e centrados nelas próprias.
Uma vida conduzida segundo padrões éticos é compensadora. Mas temos desde logo de desfazer equívocos que resultam de se associar a ética a um conjunto de preceitos religiosos mais ou menos sem fundamento, ou pelo menos de fundamento duvidoso. Não é disso, obviamente, que se trata. A ética filosófica não é constituída por um conjunto de preceitos religiosos indiscutíveis e geralmente acriticamente aceites, mas antes pela tentativa racional e crítica de agir de forma correcta.
Na Grécia Antiga as escolas de filosofia disputavam entre si a questão de como viver feliz. Com a tradição cristã, este tipo de questão estava, desde logo, resolvida: devíamos todos viver segundo os preceitos cristãos. Mas, hoje, altura em que o cristianismo é apenas mais uma de muitas outras religiões que defendem preceitos distintos, há outra vez lugar para discutir e apresentar propostas em torno desta. A explosão de grupos religiosos e/ou místicos deste final de século mostra que as religiões tradicionais não conseguem já responder à ansiedade que algumas pessoas sentem quanto ao sentido das suas vidas. Se o argumento razoável e o pensamento claro não oferecer respostas a esta questão, as pessoas terão a tendência para acreditar (erradamente) que o pensamento disciplinado e preciso só serve para conferir o troco do jornal e para descobrir vacinas, ficando a questão do sentido da vida relegado para formas de "pensamento" (?) irracionais ou de tendência irracional.

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