terça-feira, 9 de setembro de 2008

Como fazer filosofia com crianças?


A condução de um diálogo filosófico com crianças e jovens é uma arte. Como tal é algo que exige uma preparação adequada. Não se trata de ensinar filosofia, mas de fazer filosofia.
Para realizar cabalmente esta tarefa educativa não basta o acesso aos materiais. Independentemente do grau académico e área profissional de ensino, importa num primeiro passo, aprender a usar criativamente os materiais, – histórias filosóficas e manuais de apoio ao professor, – e a interiorizar a metodologia. Como os materiais escasseiam - as poucas obras que existem sobre o assunto em Portugal esgotam-se facilmente - , os professores promotores destes projectos têm, eles próprios que elaborar a maior parte dos materiais.
As sessões de FpC desenvolvem-se em três momentos.
Num primeiro momento lê-se a história que o professor traz. Geralmente deve-se pedir a um aluno para ler a história. Se a história tiver várias personagens, pode-se pedir a vários alunos que leiam a história em conjunto.
Num segundo momento é pedido aos alunos que (individualmente ou em grupos previamente constituídos) indiquem as questões, temas, reflexões que a leitura da história suscitou. Deve-se registar no quadro as intervenções dos alunos, bem como o nome daquele que teve a intervenção. Caso os alunos não apresentem qualquer questão deve o professor questioná-los directamente sobre os problemas, ideias, reflexões suscitados pela leitura do texto. Este momento abre um espaço de diálogo entre os alunos e o próprio professor que insistentemente estimula à sua participação. Com um nível etário mais baixo, o professor não pode ter intervenções demasiado doutrinárias porque isso pode influenciar o modo de ver e de pensar do aluno o que seria contraproducente já que se pretende desenvolver o seu espírito crítico.
Neste momento pode-se pedir aos alunos que agrupem as questões pela sua semelhança conceptual ou temática. No fim, imbuídos de uma senda investigadora o professor deve ajudar os alunos a encontrar respostas para as questões previamente levantadas.
Finalmente num terceiro momento deve-se apresentar alguma informação teórica (adequada à faixa etária dos alunos) sem qualquer pretensão doutrinária, como anteriormente foi referido, para os ajudar na resolução de pequenos exercícios, muito simples, em que se exige igualmente respostas simples e relativamente rápidas de elaborar. Neste momento deve-se dar alguma importância aos aspectos da lógica formal para habituar os alunos a pensar com rigor e a apresentar argumentos válidos.

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