segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O que são o bem e o mal? - O que significa ser responsável?


O grupo do Ronaldo
No grupo do Ronaldo há sete elementos.
O Ronaldo é o chefe, foi ele que criou o grupo.
Gostam de estar uns com os outros. Vestem-se de maneira semelhante, gostam de ouvir as mesmas músicas e de jogar os mesmos jogos de consola.
Eles têm um local de encontro secreto, uma senha que muda todos os dias e missões para cumprir. Vivem grandes aventuras juntos.
Geralmente é o Ronaldo, como chefe, que dita quais são as missões.
Hoje, a missão é um tanto especial e perigosa; é preciso furar com facas os pneus das BTT do Mário e do André.
- Normalmente não fazemos coisas destas nas nossas missões – diz a Olga. Fazemos coisas engraçadas, e não coisas mesmo más: acho que isto é arriscado.
- Não discutas, sou eu que decido se está bem ou está mal. O Mário e o João merecem uma boa lição, e o que vamos fazer está correcto – respondeu o Ronaldo.
- Mas eles são nossos amigos – disse ainda a Olga.
- Quem não está bem muda-se – advertiu o Ronaldo. A Olga olha para os outros. Ninguém discute a missão. “Bem afinal de contas, o Ronaldo é o chefe, e se eu puser em causa a missão a próxima BTT a ser furada pode ser a minha”, pensa a Olga.

Adaptado de Brigitte Labbé e Michel Puech, O Bem e o Mal, Terramar

domingo, 26 de outubro de 2008

O que são o bem e o mal? - O que está bem, o que está mal?


EXERCÍCIOS
A realidade é composta por factos e valores.
O que será um facto? Um facto é um acontecimento, um objecto ou uma pessoa que existem independentemente das nossas opiniões acerca deles. Por exemplo, é um facto que Lisboa é a capital de Portugal, é um facto que vocês estão a ter uma aula de filosofa para crianças.
Aparentemente os factos distinguem-se dos valores. O que são valores?
Os valores são características que nós julgamos que as coisas, acontecimentos ou pessoas têm. Os valores são muito importantes porque são eles que orientam a nossa vida e influenciam as nossas decisões, são eles que determinam o que pensamos acerca do que é melhor ou pior. Se gostamos de chocolate (e aqui estamos a expressar um valor) então quando vamos a um café ou mercearia compramos um chocolate e não um bolo.
Nós podemos tanto falar de factos como de valores. Os factos e os valore s são expressos pela linguagem. Nós podemos expressar frases que enunciem factos e frases que enunciem valores.
Às primeiras chamamos juízos de facto e às segundas juízos de valor. Podemos tomar aqui a palavra juízo como sinónimo de frase.
A frase “O João tem 1,90m de altura” expressa um facto. A frase “O João é boa pessoa” expressa um valor.

1- Das frases seguintes diz quais são juízos de facto e quais são juízos de valor.
a) Nalguns estados dos EUA existe a pena de morte. ______________
b) A pena de morte é injusta. _________________
c) O aborto é imoral. ________________
d) Há marcianos. _____________

Uma das características dos juízos de facto é que eles têm valor de verdade. Ter valor de verdade significa que essas frases ou são verdadeiras ou falsas. A frase “O João tem 1,90m de altura” é um juízo de facto porque esta frase ou é verdadeira ou falsa. Se o João realmente 1,90m de altura é verdadeira, se não tiver 1,90m é falsa. Mas um juízo de facto falso não deixa de ter um valor de verdade e não deixa de expressar um facto, ainda que falso.
E o que acontece com os juízos de valor. Eles têm também valor de verdade?, isto é, são também verdadeiros ou falsos? Por exemplo, a frase “O João é boa pessoa” tem valor de verdade? Todos nós sabemos o que é ter 1,90m de altura, ninguém discorda acerca disso, Mas relativamente ao carácter das pessoas, todos estaremos de acordo? O que significa ser boa pessoa?
Há filósofos que afirmam que os juízos de valor não têm valor de verdade, enquanto outros, apesar de tudo afirmam que o têm ainda que de uma maneira diferente dos juízos de facto.
Há filósofos que afirmam que os juízos de valor têm valor de verdade. Que as afirmações acerca do bem e do mal têm valor de verdade, contudo o seu valor de verdade depende dos sujeitos que as fazem. Assim, dizer que o aborto é certo é dizer que quem afirma isso aprova o aborto, ou dizer que o aborto é errado, significa apenas dizer que quem afirma isso desaprova o aborto. Estes filósofos defendem aquilo que em filosofia se chama de subjectivismo moral.
Em consequência teríamos que aceitar que há tanta verdade no juízo “o aborto é correcto” como no juízo “o aborto é errado”.
É uma teoria aparentemente atractiva. Por exemplo se eu digo que a música Dialectos de Ternura dos Da Weasel é fixe e se alguém discordar de mim e afirmar que os Nocturnos de Chopin é que são fixes, nós afirmamos que ambos têm razão, porque um gosta dos Da Weasel e outro de Chopin e gostos, costumamos afirmar, não de discutem.
Mas se calhar já não temos a mesma atitude se alguém afirmar que matar uma pessoa inocente é errado e outra afirmar que matar uma pessoa inocente é certo.

2- Se alguém afirma que pode maltratar a sua mulher porque está casado com ela e que ninguém tem nada a ver com isso (“entre marido e mulher não metas a colher”), um filósofo subjectivista aceita esta posição? Porquê? E tu?

Há outros filósofos que afirmam igualmente que os juízos de valor tem valor de verdade, que as afirmações acerca do bem e do mal têm valor de verdade, contudo o seu valor de verdade depende da cultura da sociedade em que estão inseridos. Se a maioria das pessoas de uma sociedade considerar que apedrejar uma mulher adúltera até à morte é correcto, para essa sociedade isso é correcto.
É uma teoria também aparentemente atractiva pois parece defender que deve haver uma tolerância entre os povos e que devemos aceitar as diferentes maneiras de ser e de pensar. Por exemplo, se nos cumprimentarmos uns aos outros apertando as mãos ou dando um beijo na face, isto não é mais verdadeiro nem mais falso do que se nos cumprimentarmos uns aos outros esfregando os narizes, como fazem os esquimós. E por isso, ainda que não o façamos desse modo, aceitamos o modo como os indivíduos de outras culturas se cumprimenta.
Mas se calhar já não achamos correcto que haja comunidades que imponham a circuncisão às suas crianças e jovens.

3- Avalia as seguintes afirmações:
a) O Joãozinho (que é uma criança) disse: “Todas as crianças são mentirosas”.
b) “Não há verdades absolutas (aceites por todos), todas as verdades são relativas (dependem ou do sujeito ou da cultura).

4- Faz um pequeno texto acerca do problema: o que é bem e o que é mal?

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O que são o bem e o mal? - O que é que está bem, o que é que está mal? iii


Cátia vai ao café
Como costuma fazer quase todos os dias, Cátia foi ao café do Sr. José. Cátia gosta muito do leite com chocolate do Sr. José.
Nesse dia, debaixo de uma mesa onde ninguém estava sentado, a Cátia vê uma nota de 50 euros. "Duas mesadas!" Apanha-a e depois hesita.
"Faço mal em ficar com ela?
Seria talvez melhor levá-la ao dono do café?
Assim, se a pessoa que perder a nota voltar, o dono pode devolver-lha.
Mas como é que se pode provar que a nota era mesmo a dessa pessoa?
As notas não trazem os nomes dos donos.
E como ter a certeza que o dono do café não fica com os 50 euros?"
«Se há-de ser para ele, então mais vale que fique para mim», pensa a Cátia.
Então o que é que está correcto:
Guardar a nota?
Dá-la ao dono do café?
Perguntar em voz alta: «Quem perdeu 50 euros?»

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O que são o bem e o mal? - O que é que está bem, o que é que está mal? ii



A vida de uma rapariga na Palestina
Chamo-me Souad e vivo na Palestina.
Sou uma rapariga, e uma rapariga deve caminhar depressa, com a cabeça inclinada para o chão, como se estivesse a contar os passos. Não deve erguer o olhar nem desviá-lo para a direita ou para a esquerda enquanto caminha, porque se os seus passos se cruzarem com os de um homem toda a aldeia lhe chamará charmuta.
Se uma vizinha já casada, uma velha ou quem quer que seja a avistar sozinha numa ruela, sem estar acompanhada pela mãe ou pela irmã mais velha, sem as ovelhas, sem o molho de feno ou um carrego de figos, também lhe chamarão charmuta.
Uma rapariga tem de estar casada para poder olhar em frente, entrar na loja do comerciante, depilar-se ou usar jóias.
Quando uma rapariga ainda não casou, a partir dos catorze anos a aldeia começa a troçar dela. Mas, para poder casar, uma rapariga tem de esperar pela sua vez na família. Primeiro a mais velha e depois as outras. Não conheci folguedos nem prazeres tanto quanto a minha mente é capaz de se lembrar. Na minha aldeia nascer rapariga é uma maldição. O único sonho de liberdade é o casamento. Abandonar a casa do pai em troca da casa do marido e não voltar nunca mais, mesmo que se seja espancada. Quando uma rapariga casada regressa a casa dos pais é uma infâmia. Não deve pedir protecção fora da sua casa e é dever da família levá-la de novo para o lar.

Adaptado de Souad, Queimada Viva, Edições Asa

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

MINI-FILOSOFIA


Já se começa a filosofar no 7º ano.

A MORTE
A morte de uma pessoa é comum em todo o mundo, mas acho que nunca iremos acostumarmo-nos a isso. A morte do meu vizinho fez-me lembrar o falecimento recente do meu avô. Foi difícil. Por isso sei mais ou menos como as pessoas, que perdem uma pessoa querida, sentem. Penso muito nisso e agradeço pela minha vida, saudável e viva num mundo tão difícil.

A POBREZA
Hoje estive a ver uma reportagem sobre a pobreza que está a afectar muitos países. A situação dos países pobres está a piorar a cada dia. Fico a imaginar quantas pessoas morrem por dia de fome, enquanto algumas reclamam que não gostam disto ou daquilo.
Já passaram várias reportagens sobre a pobreza e as suas consequências, para que alguns percebam este problema e ajudem de alguma forma para diminuir as dificuldades das pessoas. Penso que se cada pessoa ajudasse teríamos um mundo mais alegre, acabaríamos até com a violência em alguns países que também está relacionada com a pobreza. Os estudos mostram que a cada dia a pobreza aumenta. Como será daqui a algumas décadas?
A pobreza diminuirá quando as pessoas se consciencializarem que ela não é um problema apenas das classes baixas mas sim de todos nós.
Fico revoltada com esta situação, mas a sua solução não depende só de mim!

NUMA NOITE
Numa noite sonhei que tinha entrado numa casa assustadora. Entrei nessa casa e vi um espelho muito esquisito. Era um espelho que mandava as pessoas que tocassem nele, para outro tempo.
Entrei, e mudou tudo radicalmente, só se via dinossauros por toda a parte, uns mais estranhos do que outros.
Mas não foi só isso que mudou, a minha roupa era feita de folhas compridas.
Fui dar uma volta para ver se descobria a saída, quando dou por mim a fugir de um dinossauro carnívoro.
Corri, corri, corri, até que fiquei encurralado.
De repente a minha mãe acorda-me e explicou-me que tudo não tinha passado de um sonho.
REFLEXÃO
Não acho bem os professores se avaliarem uns aos outros, ou serem avaliados.

PENSAR
Penso muito na vida. Reclamo muitas vezes de tudo e de todos, mas por vezes páro e penso que não posso ter tudo o que desejo e que as pessoas não são perfeitas. Mas logo estas reflexões saem da minha cabeça e voltam os meus pensamentos egoístas.
Sei que tenho de agradecer por tudo o que tenho: uma vida com saúde, uma casa, uma família, comida todos os dias. Mas também uma vida onde não sei em quem posso confiar, sem amigos verdadeiros e sinceros a meu lado, sentindo-me sozinha a cada minuto, com inveja do que as outras pessoas têm.
Mas também sei que a vida que tenho, para algumas pessoas, é perfeita, pois algumas delas não têm o que comer, vestir e onde morar. Eu sou egoísta, mas também sei mais ou menos o que realmente é a vida, sabendo também que ainda tenho muito para aprender.

O QUE É A ÉTICA?
Para mim a ética é o valor fundamental do agir humano, é um compromisso com valores duradouros.

REFLEXÃO
O mal, por muito que se queira, vencerá sempre o bem, seja qual for o tipo de batalha.

Estas são algumas das reflexões feitas por alguns alunos da turma A do 7º ano na disciplina de Área de Projecto.

domingo, 5 de outubro de 2008

O que são o bem e o mal? - O que é que está bem, o que é que está mal?


O lobo e o cordeiro
Como naquele verão fazia muito calor, um lobo dirigiu-se a um ribeirito. Quando se preparava para mergulhar o focinho na água, ouviu um leve rumor de erva a mexer-se. Virou a cabeça nessa direcção e viu, mais adiante, um cordeirinho que bebia tranquilamente.
“Vem, mesmo a propósito!” – pensou o lobo de si para si. – “Vim aqui para beber e encontro também o que comer…”
Aclarou a voz, pôs um ar severo e exclamou:
- Eh! Tu aí!
- É comigo que está a falar, senhor? – respondeu o cordeiro. – Que deseja?
- O que é que desejo? Mas é evidente, meu malcriado! Não vês que ao beber me turvas a água? Nunca ninguém te ensinou a respeitar os mais velhos?
- Mas…senhor! Como pode dizer isso? Olhe como bebo com a ponta da língua…Além disso, com sua licença, eu estou mais abaixo e o senhor mais acima. A água passa primeiro por si e só depois por mim. Não é possível que esteja a incomodá-lo! – respondeu o cordeirinho com voz trémula.
- Histórias! Com a tua idade já me queres ensinar para que lado corre a água?
- Não, não é isso… Só queria que reparasse…
- Qual reparar nem meio reparar! Olha que não me enganas! Pensas que te escapas, como no ano passado, quando andavas por aí a dizer mal da minha família? “Os lobos são assim…os lobos são assado…” Tiveste muita sorte por eu nunca te ter encontrado, senão já te tinha mostrado como são os lobos!
- Não sei quem lhe terá contado tal coisa, senhor, mal olhe que é falso, acredite. A prova é que no ano passado eu ainda não tinha nascido.- Pois se não foste tu, foi o teu pai! – rosnou o lobo, saltando em cima do pobre inocente.

Fábulas de Esopo